(Jogador de várias equipas do Algés - anos 70)
Escrever sobre o Basquetebol do Sport Algés e Dafundo, é uma tarefa relativamente fácil, dado que recordo com paixão, muitos dos “episódios” passados neste CLUBE e ainda das muitas pessoas que contribuíram para que o Basquetebol do Sport Algés e Dafundo fosse um Clube diferente. Quando falamos do Algés, estamos também a falar de tudo o que rodeava o jogo, principalmente porque o Clube se tornou numa segunda casa que, para além das horas de treino, também “servia” para um convívio, onde não faltavam, brincadeiras, “cartadas” e outras, sempre num ambiente de muita camaradagem e ao mesmo tempo com um grande sentido de responsabilidade. Quando digo de grande sentido de responsabilidade, estou a referir-me que a grande maioria das pessoas sabia que era fundamental que para além de todo o empenho e dedicação afecto ao Basquetebol, também era importante aplicar a mesma fórmula fora do Clube, principalmente no que respeitava à vida académica.
Falando
um pouco da trajectória que muitos de nós tivemos no Clube, e no meu caso em
particular, quando olho para trás, fico sempre com a sensação de felicidade,
não só quando atingi o topo da minha carreira, mas também quando iniciei a
minha formação em iniciados. Aquilo que posso transmitir, é que foram anos que
nunca vou esquecer, pois fazíamos aquilo que mais gostávamos, que era jogar
Basquetebol, bem como a convivência e a diversão com os amigos. Tudo isto era
possível, porque o Sport Algés e Dafundo tinha as pessoas e todos os “ingredientes”,
que o tornavam num Clube sue generis, pois transportava uma mística sem igual
no Basquetebol Português. Por vezes, pergunto como é que isto começou, mas
confesso que é difícil de explicar, porque penso que é o resultado de vários
factores e das muitas pessoas que contribuíram para que existisse esta forma de
estar e de actuar.
Como
é evidente e como é apanágio em todas as famílias, nem tudo era um “mar de
rosas”, tendo por vezes de conviver com alguns problemas, quer no âmbito
desportivo quer no pessoal, mas na generalidade eram resolvidos no seio da
equipa. Também no que respeita às condições que nos eram oferecidas, reconheço
que os Dirigentes, sempre tentaram colocar à nossa disposição tudo aquilo que
era possível. Por vezes não eram as ideais, mas penso que na esmagadora maioria
das vezes, ninguém se preocupava por jogar num campo ao ar livre e com chão de
alcatrão, nas “Laranjeiras”, pois a nossa única preocupação era o impedimento
de treinar devido ao mau tempo. Quando falo deste campo, não me posso esquecer
que foi aqui que aprendi a gostar do jogo, que aprendi a dar os primeiros passos
de Basquete e que também foi por aqui que treinaram e jogaram todas as equipas
do Clube. Apesar daquele campo não ter sido abandonado, recordo-me que alguns
anos mais tarde, começou a existir uma evolução a nível das condições e foi
possível começar a treinar em pavilhão, primeiro no IMH (antigo ISEF) e depois
no Pavilhão da Ajuda.
Desse
campo ao ar livre, tenho muito boas recordações, dado que ninguém se preocupava
em se era um campo ao ar livre, em alcatrão e ainda se tinha as tabelas em
cimento, pois a única preocupação era jogar Basquetebol e divertir-nos,
independentemente no campo que fosse. Tudo isto era possível, porque estávamos
a fazer aquilo que adorávamos, num ambiente onde reinava quase sempre a boa
disposição e o espirito de camaradagem. Seria até interessante relatar algumas
das brincadeiras e diabruras que se passaram dentro e fora dos balneários, mas
parece-me que não é o espaço certo para o fazer, mas aquilo posso dizer com
toda a certeza, é que muitos de nós ainda nos lembramos com um sorriso nos
lábios desse tempo, e ainda é motivo de muita conversa recordar os “bons” e
“maus” momentos vividos dentro dos balneários, pois era aí o primeiro local em
que começava a nascer todo o espirito de equipa.
No
que diz respeito ao papel formativo que o Basquetebol do Algés teve para todos nós,
posso afirmar que existiram uma série de pessoas que foram fundamentais e que
possibilitaram passar todos os ensinamentos que serviram de base e suporte para
que as camadas mais jovens, e que de uma forma natural, ajudaram esses jovens a
crescer e alcançar os seus objectivos. Tudo isto, num ambiente saudável e
repleto de valores.
Também
no meu caso, esta aprendizagem foi-me transmitida pelos mais velhos, por
colegas de equipa, seccionistas, treinadores e pelos meus Pais, sendo estes o
suporte para que tudo acontecesse e que tudo fizeram para que conseguisse
chegar ao mais alto nível do Basquetebol Nacional, contribuindo também para que
me tornasse numa numa melhor pessoa. Neste lote de pessoas, gostaria de
destacar alguns dos treinadores que contribuíram decisivamente para a minha
“carreira” e que foram sem dúvida dos melhores Treinadores Nacionais. No
primeiro caso, gostaria de referir o Jorge Adelino, como Treinador e depois
como colega de equipa, porque conseguiu colocar a equipa de Juvenis num patamar
superior e levar a mesma a sagrar-se campeã Nacional, e no meu caso particular
(penso que com todos), soube ainda ministrar todos os ensinamentos para que me
tornasse num melhor jogador, numa melhor pessoa e também mais responsável. Referir
ainda que, como jogador também possibilitou que a minha integração na equipa de
sénior fosse um sucesso. Em segundo plano, gostaria também de referir o Jorge
Araújo, porque acreditou, juntamente com outras pessoas, que a minha passagem
de juvenil a sénior poderia saldar-se numa mais valia para a equipa, e que ao
mesmo tempo conseguiu catapultar a minha carreira para um nível muito superior.
Por fim, dizer que nada disto tinha sido possível, se não tivesse o apoio
familiar e muito especialmente uma Mãe incrível (a Luisinha como é
carinhosamente referida, e também ela uma grande nadadora do Sport Algés e
Dafundo), e que sempre me apoiou a alcançar todos os meus objectivos.
Antes
de terminar, para fechar o ciclo, também gostaria de falar um pouco sobre a
minha longa vida com Basquetebolista, pois esta também se desenvolveu noutros
Clubes, mas que também acabou em Algés. Como costuma dizer-se, “o bom filho a
casa torna”. Assim foi, passados 11 anos da minha saída, voltei a jogar no
Algés, na terceira Divisão Nacional e ajudei a equipa e todos juntos conseguimos
ser campeões e levar a equipa para a segunda Divisão Nacional. Como é natural,
constatei que o Clube já estava diferente mas ainda tinha alguns jovens com
muito valor. Também pude verificar que já não existia a mesma cultura e já se tinham
perdido alguns dos valores que faziam parte do ADN do Algés. Calculo que para
as novas gerações, tudo funcione de uma forma diferente, dado que todos nós
estamos sujeitos a muitas solicitações, a um trabalho mais intenso, sendo a
nossa vida feita sempre a correr. De qualquer forma, para terminar, parece-me que
ainda existem uma série de pessoas que poderão dar um novo impulso no
Basquetebol do Algés, pois conseguem transmitir muitos dos valores do passado,
mesclados com os novos desafios do futuro.
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