quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Teresa Barata

(Jogadora de várias equipas do Algés - décadas de 70 e 80)

Iniciei a minha prática desportiva no Sport Algés e Dafundo, corria o ano de 1973, tinha então dez anos. Morava em Belém, perto dos Jerónimos e frequentava o Colégio do Bom Sucesso. O Algés era o clube desportivo mais perto de minha casa e tinha a linha do elétrico (penso que o 15) quase porta à porta. Os tempos eram outros e depois de algum “treino”, devidamente orientado pelos meus pais, de subir e descer para o elétrico e decorado o percurso, aos 9/10 anos passei a fazer este caminho sozinha.

Fiz ballet, natação, ginástica e basquetebol, mas aprender a nadar era o propósito mais forte, que levou os meus pais a inscreverem-me como sócia do Algés.

E assim foi, passaram-se os primeiros quatro anos de Algés, fiz ballet durante dois anos nas traseiras do palco do cinema, por trás de umas enormes cortinas de veludo.

Percorri o trajeto normal de todos os meninos que procuravam o Algés para aprender a nadar. Comecei no tanque lá de baixo, onde tive vários professores, depois passei para o srº Mata na piscina grande e finalmente para o srº Patroni.

Depois de assistir a alguns Saraus do Algés, decidi-me a experimentar a ginástica Desportiva, orientada então pelo treinador Telmo, onde os saltos e as acrobacias nos aparelhos chamaram a minha atenção. Aqui, comecei a ter as primeiras noções do que era treinar, de que nada aparecia sem esforço. Aqueles pequenos momentos de apresentação exibidos nos saraus, que pareciam ser feitos sem qualquer esforço, escondiam afinal, meses e anos de preparação e trabalho.

Aos catorze anos, já um pouco tarde (dirão alguns) passei-me para o basquetebol, por influência de algumas amigas de escola que já praticavam basquetebol no Algés e por sugestão do meu professor de Educação Física na Escola Preparatória Paula Vicente, professor Carlos Cerqueira.

Comecei nos juvenis, na época 1977/1978 com o treinador Alexandre Correia e até hoje continuo ligada ao basquetebol.

Depois de ter passado pela prática de várias modalidades, hoje sou levada a pensar que o que me fez ficar agarrada a esta modalidade foi o facto de ser um desporto coletivo, onde um grupo de raparigas foram crescendo juntas formando uma equipa, que por acaso foi de basquetebol. Depois, não posso deixar de referir, que o sucesso que fui conquistando, quer individual quer coletivamente nas equipas por onde passei e estive integrada, fez com que me apaixonasse por esta modalidade.

Este foi um tempo de aprendizagem riquíssimo, que em paralelo com a aprendizagem mais académica que fazia na escola, se tornou uma mais-valia na aquisição e consolidação de valores, o que me tornou uma pessoa muito mais completa.

No basquetebol do Algés, eu aprendi desde muito jovem, que:

§  Se não consigo chegar à hora marcada, chego antes.

§  Pertenço a uma equipa, então tenho de pensar como membro da equipa. Já não posso pensar só em mim.

§  O trabalho da equipa é mais forte que o trabalho individual de cada jogador, mas quanto melhor me preparar, mais forte torno a minha equipa.

§  Os compromissos da equipa são para respeitar.

§  Não há sorte sem trabalho sério.

§  A vitória não tem qualquer significado se não traduzir a qualidade do percurso

§  ……

E estaria aqui a escrever mais umas tantas destas frases, que hoje encontramos numa série de manuais de pedagogia e que são abordadas em todos os cursos de treinadores, mas eu e as minhas colegas de equipa, tivemos o privilégio de aprender no Algés, porque vivemos, porque experienciamos situações enquadradas com TÉCNICOS de QUALIDADE SUPERIOR, que AINDA HOJE SÃO REFERÊNCIAS NA MODALIDADE.

Se não vejamos, a qualidade dos treinadores com que as pessoas da minha geração (rapazes e raparigas) tiveram o privilégio de contactar: Carlos Teigas, Mário Bairrada, Jorge Adelino, José Curado, Dimas Pinto, Eliseu Beja, Alexandre Correia, Manuel Campos, Álvaro Amiel, Jorge Fernandes, e espero não cometer a gafe de me estar a esquecer de ninguém!

Depois…, o tempo que passávamos no Algés, antes e depois de cada treino: os jogos no campo ao ar livre em frente à secção, o tempo que passávamos no corredor de entrada/varanda do clube a falar dos jogos de fim de semana e noutras conversas paralelas onde nos íamos conhecendo melhor e fortalecendo relacionamentos que perduram até aos dias de hoje (como teremos nós conseguido sobreviver nesse tempo a uma adolescência sem telemóvel???), … que bons que foram esses tempos e como fomos tão felizes!

Nos últimos anos de Algés, com 22/23 anos, ainda dei os primeiros passos como treinadora. Era responsável por uma equipa de iniciadas. Lembro com orgulho das reuniões de treinadores que fazíamos na secção de basquetebol às segundas-feiras, onde todos os treinadores partilhavam a sua experiencia. Falávamos dos jogos de fim de semana e eram colocados os problemas que cada um tinha com as suas equipas, as dúvidas sobre as formas de atuar e os treinadores mais experientes estavam sempre prontos para colaborar.

Foram dez anos, ligada ao Basquetebol do Algés, onde permaneci até à época de 1986/1987. Representei o Algés em todos os escalões da altura (juvenis, juniores e seniores). Fui Campeã Distrital, Campeã Nacional, vencedora da Taça de Portugal por diversas vezes e representei a Seleção Nacional em todos os escalões, mas o que eu recordo com mais saudade são os tempos que passei no pavilhão, a treinar. Eu adorava treinar!

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