Máximo
Couto é uma das grandes figuras da história do Basquetebol do Sport Algés e
Dafundo.
Contudo,
para além do destaque que merece como jogador, treinador e dirigente da
modalidade, é de toda a justiça referir que a sua carreira desportiva não se
circunscreve ao basquetebol e que viveu uma das maiores honras com que qualquer
praticante desportivo sonha: representar Portugal nos Jogos Olímpicos, no seu
caso como jogador (guarda-redes) de Polo Aquático.
Efectivamente,
em 1952 integrou a equipa portuguesa de Polo Aquático que esteve em Helsínquia,
jogando na posição de guarda-redes, onde para além da sua qualidade técnica
beneficiava da sua estatura, chegando a ser reconhecido como um dos melhores
atletas nesta função.
Nesta
edição dos jogos olímpicos, à honra da participação juntou ainda o facto de ser
escolhido para porta-bandeira no desfile da equipa portuguesa.
É
curioso assinalar que esta participação foi feita pouco tempo depois de ter
conquistado a internacionalização em Basquetebol, nos europeus de Paris de
1951, o que expressa bem a diversidade das suas qualidades como atleta.
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A
primeira referência que temos sobre a participação basquetebolística de Máximo
Couto é numa fotografia clássica do Algés, durante muitos anos pendurada nas
paredes da Secção do Clube mas entretanto desaparecida, identificada depois no
Boletim do SAD dos 50 anos do clube e que mostra uma equipa de infantis de
1936, data em que este escalão ainda não era oficial e em que a existência de
equipas antes do escalão de seniores começavam a ser falada. Máximo Couto teria
então 13 anos.
O
jornal Os Sports de 17/julho/1939 noticia a realização de um jogo de juniores
Algés – Pedrouços, em complemento a um “festival” de jogos de seniores, em que o
nome de Máximo Couto surge na equipa do Algés.
(Os Sports,
17/julho/1939)
O
percurso habitual da formação dos jogadores, seguia depois o seu rumo,
iniciando-se a participação nos seniores numa das categorias inferiores.
Tal
como relata o jornal Os Sports de 28 Janeiro 1942, Máximo Couto integra a
equipa da segunda categoria do Algés.
(Os
Sports de 28 Janeiro 1942)
A
época de 43/44 representa um marco na carreira de Máximo Couto como jogador dos
seniores do Algés, conseguindo o acesso à equipa de honra (1ª categoria)
(Os
Sports, 17 Novembro 1943)
A
organização táctica das equipas era então muito diferente da actual. Em novembro
de 1943 Máximo Couto era referenciado como "defesa, que, mesmo assim, marcava
pontos no ataque da sua equipa".
(Os
Sports, 24 Novembro 1943)
Na
época 45/46 Máximo Couto é convocado para a equipa de Lisboa que participa em
vários encontros com equipas representativas das principais associações
distritais de então. O seleccionador é Manuel Quaresma.
(Máximo
Couto é o jogador mais alto. De pé, ao meio)
Um facto de que temos pouca informação faz
interromper durante algum tempo a carreira de Máximo Couto no basquetebol do
Algés, quando tem de se deslocar para o Brasil, tendo sido feita uma homenagem
por parte do clube e dos seus companheiros de equipa.
(Mundo Desportivo, 2 fevereiro, 1949)
Pelo
que a história demonstra, a sua ausência dura pouco tempo e, regressado a
Portugal, retoma a sua actividade no Sport Algés e Dafundo.
O
ano de 1951 constitui um marco importante tanto para o basquetebol português
como para o Algés e, naturalmente, também para Máximo Couto: a primeira
participação portuguesa num Campeonato da europa, mesmo que a convite da
organização.
Esta
participação levou à organização de alguns torneios de preparação em que Máximo
Couto participou como representante da selecção de Lisboa.
(Mundo Desportivo, 30 março 1951)
(Mundo
Desportivo, 2 abril 1951)

A
participação da equipa portuguesa no Campeonato de Europa era preparada
conforme as possibilidades de então, para o que foram escolhidos os melhores
jogadores do país, em cujo grupo se encontrava Máximo Couto, juntamente com
outro jogador do Algés, seu companheiro de equipa, Mário Almeida.
(Mundo Desportivo, 23 abril 1951)
Como
curiosidade, deixamos alguns dados dessa participação portuguesa, realizada a
convite dos organizadores (França)
7º
CAMPEONATO DA EUROPA – PARIS, 1951
Mário
Almeida e Máximo Couto, jogadores do Algés, integram a seleção nacional.
RESULTADOS
4/maio/1951,
Portugal – Grécia - 35-81 (15-38 ao intervalo)
7/maio/1951,
Portugal – Bulgária - 32-77 (15-34 ao intervalo)
8/maio/1951,
Portugal – Austria - 31-43 (14-26 ao intervalo)
9/maio/1951,
Portugal – Suiça - 52-49 (28-31ao intervalo) – Primeira vitória internacional
de Portugal em Basquetebol.
10/maio/1951,
Portugal – Alemanha - 39-47 (20-31 ao intervalo)
11/maio/1951,
Portugal – Dinamarca - 39-46 (24-18 ao intervalo)
Durante
esta competição, Máximo Couto chegou a ser o capitão da equipa portuguesa.
Mário Almeida e Máximo Couto com a camisola
de Portugal
Embora com a sua carreira de jogador em pleno
desenvolvimento, Máximo Couto começava já a dar sinais de que queria assumir
também a função de treinador, tendo frequentado o curso denominado de
“divulgação dos métodos de ensino do basquetebol e da arbitragem”, realizado em
Lisboa.
(Mundo Desportivo, 27 Dez 1951)
Perante todos estes factos, é com alguma
naturalidade que, no aniversário do clube no ano seguinte, os troféus dos
habituais torneios de basquetebol receberam os nomes dos recentes
internacionais, a que se juntou o nome de um outro jogador da equipa de
seniores, que ocupava uma posição de destaque no seio do grupo (Vasco
Carrelhas).
(Mundo Desportivo, 16
junho de 1952)
(Mundo Desportivo, 20 junho 1952)
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Em
52/53 Máximo Couto inicia a sua carreira de treinador, começando por orientar a
preparação da equipa de juniores do Algés, equipa esta que é treinada por si
durante 2 anos. Em 54/55 começa um primeiro período como treinador dos seniores
do Algés, que vai prolongar-se até 62/63.
Neste
intervalo, em que a equipa do Algés apresentou sempre um jogo de elevada
qualidade, a época de 59/60 foi aquela em que os resultados acompanharam essa
mesma qualidade, subindo à Divisão de Honra de Lisboa após vencer o campeonato
regional da 1.ª Divisão e vencendo também o Campeonato Nacional da 2ª Divisão,
ao qual se acedia em função dos resultados das provas regionais.
Segundo
alguns jogadores (por exemplo, Fernando Brites) que foram treinados por si
nesta altura, Máximo Couto era um treinador que beneficiou muito da sua
presença em França no Campeonato da Europa, não apenas pelo que viu às equipas
participantes, como pelas ligações que a partir dessa data foi construindo e
que o foram enriquecendo do ponto de vista técnico. Um dos aspectos que foi
salientado por quem, nessa altura, foi treinado por Máximo Couto, era a
exigência que sempre colocava na necessidade dos jogadores realizarem
movimentos e gestos com toda a correcção técnica.
(Norte
Desportivo, 17 janeiro 1960)
(Norte
Desportivo, 17 janeiro 1960)
Como
consequência destes excelentes resultados, Máximo Couto e a sua equipa foram
louvados pela Direcção do Sport Algés e Dafundo.
Num
artigo publicado no Boletim do Sport Algés e Dafundo (setembro de 1960), que
era assinado por Afonso Gonçalves, surge uma caricatura de Máximo Couto a
ilustrar um texto em que se elogia o papel que desempenhou como treinador das
equipas do Algés.
(Boletim
SAD, setembro 1960)
(Mundo
Desportivo, 31 dezembro 1962)
(Mundo
Desportivo, 18 de março de 1963)
A
qualidade do seu trabalho com as equipas do Algés levou a que a Associação de
Basquetebol de Lisboa viesse a convidar Máximo Couto para seleccionador
regional de juniores masculinos.
(Mundo
Desportivo, 9 janeiro 1963)
Em
68/69, depois de alguns anos de afastamento, regressa ao Algés e à equipa de
seniores masculinos, a convite da Secção de Basquetebol de então, e encontra
uma outra equipa de jovens jogadores que são por si dirigidos durante 2 épocas
e meia.
(seniores
masculinos do Algés, época 70/71)
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Abandonando
a função de treinador, não fica muito tempo sem intervir na modalidade,
candidatando-se e sendo eleito para o lugar de Presidente da Federação
Portuguesa de Basquetebol.
Máximo
Couto assume assim uma nova etapa na sua ligação ao Basquetebol.
Em
28 de março de 1971, a sua equipa é eleita para dirigir o Basquetebol Português
e assim definir o caminho do seu desenvolvimento.
(A
Bola, 29 de Março de 1971)
No
número 1 do boletim da Secção de Basquetebol O PIVOT, Máximo Couto, já como
Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, dá uma entrevista onde, para
além de traços gerais da sua história pessoal, mostra a sua perspectiva para a
vida da modalidade no clube e mesmo para a forma como o desenvolvimento do
Basquetebol, a nível nacional se deve processar
(Pivot,
1 de outubro 1971)
A
sua passagem pela Direcção da Federação Portuguesa de Basquetebol dura cerca de
11 anos, cabendo-lhe a tarefa de dirigir a modalidade durante o período da
revolução de Abril. Eis uma entrevista que deu ao jornal A Bola em que mostra
grande entusiasmo pelos passos que estavam a ser dados sobretudo no crescimento
que estava a acontecer.
(Bola,
25 outubro 1975)
Mais
tarde, já à guisa de balanço do que foi feito durante o seu mandato, Máximo
Couto dá uma entrevista na revista Basket.
(revista
Basket, Fev – Mar 1981)
O
último documento que encontrámos sobre a sua passagem na FPB foi esta entrevista
ao jornal Record, em véspera de um grande evento que aconteceu em Portugal –
Campeonato da Europa de seniores masculinos, grupo B – que decorreu em Lisboa e
no Porto, com uma organização que mereceu os mais rasgados elogios dos
participantes.
O título da entrevista assinala a forma "dominadora" como exercia as funções que teve de desempenhar, controlando todos os pormenores de que podia depender o sucesso da sua função.
O título da entrevista assinala a forma "dominadora" como exercia as funções que teve de desempenhar, controlando todos os pormenores de que podia depender o sucesso da sua função.
(Record,
26 março 1982)
Acreditamos
ter conseguido fazer um resumo objectivo da vida desportiva desta grande figura
do Basquetebol no Sport Algés e Dafundo, cingindo-nos aos factos e aos
documentos que conseguimos encontrar e que nos parecem suficientemente
demonstrativos da riqueza com que Máximo Couto viveu os muitos anos que dedicou
ao Basquetebol Nacional e, muito em particular, ao Sport Algés e Dafundo.
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