quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Máximo Couto


Máximo Couto é uma das grandes figuras da história do Basquetebol do Sport Algés e Dafundo.
Contudo, para além do destaque que merece como jogador, treinador e dirigente da modalidade, é de toda a justiça referir que a sua carreira desportiva não se circunscreve ao basquetebol e que viveu uma das maiores honras com que qualquer praticante desportivo sonha: representar Portugal nos Jogos Olímpicos, no seu caso como jogador (guarda-redes) de Polo Aquático.

Máximo Couto está na última fila, sendo o terceiro a contar da esquerda.


Efectivamente, em 1952 integrou a equipa portuguesa de Polo Aquático que esteve em Helsínquia, jogando na posição de guarda-redes, onde para além da sua qualidade técnica beneficiava da sua estatura, chegando a ser reconhecido como um dos melhores atletas nesta função.

Nesta edição dos jogos olímpicos, à honra da participação juntou ainda o facto de ser escolhido para porta-bandeira no desfile da equipa portuguesa.


É curioso assinalar que esta participação foi feita pouco tempo depois de ter conquistado a internacionalização em Basquetebol, nos europeus de Paris de 1951, o que expressa bem a diversidade das suas qualidades como atleta.

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A primeira referência que temos sobre a participação basquetebolística de Máximo Couto é numa fotografia clássica do Algés, durante muitos anos pendurada nas paredes da Secção do Clube mas entretanto desaparecida, identificada depois no Boletim do SAD dos 50 anos do clube e que mostra uma equipa de infantis de 1936, data em que este escalão ainda não era oficial e em que a existência de equipas antes do escalão de seniores começavam a ser falada. Máximo Couto teria então 13 anos.




 
O jornal Os Sports de 17/julho/1939 noticia a realização de um jogo de juniores Algés – Pedrouços, em complemento a um “festival” de jogos de seniores, em que o nome de Máximo Couto surge na equipa do Algés.

(Os Sports, 17/julho/1939)


O percurso habitual da formação dos jogadores, seguia depois o seu rumo, iniciando-se a participação nos seniores numa das categorias inferiores.

Tal como relata o jornal Os Sports de 28 Janeiro 1942, Máximo Couto integra a equipa da segunda categoria do Algés.

(Os Sports de 28 Janeiro 1942)


A época de 43/44 representa um marco na carreira de Máximo Couto como jogador dos seniores do Algés, conseguindo o acesso à equipa de honra (1ª categoria)

(Os Sports, 17 Novembro 1943)


A organização táctica das equipas era então muito diferente da actual. Em novembro de 1943 Máximo Couto era referenciado como "defesa, que, mesmo assim, marcava pontos no ataque da sua equipa".

(Os Sports, 24 Novembro 1943)

 

Na época 45/46 Máximo Couto é convocado para a equipa de Lisboa que participa em vários encontros com equipas representativas das principais associações distritais de então. O seleccionador é Manuel Quaresma.

(Máximo Couto é o jogador mais alto. De pé, ao meio)

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Um facto de que temos pouca informação faz interromper durante algum tempo a carreira de Máximo Couto no basquetebol do Algés, quando tem de se deslocar para o Brasil, tendo sido feita uma homenagem por parte do clube e dos seus companheiros de equipa.

(Mundo Desportivo, 2 fevereiro, 1949)

 

Pelo que a história demonstra, a sua ausência dura pouco tempo e, regressado a Portugal, retoma a sua actividade no Sport Algés e Dafundo.

O ano de 1951 constitui um marco importante tanto para o basquetebol português como para o Algés e, naturalmente, também para Máximo Couto: a primeira participação portuguesa num Campeonato da europa, mesmo que a convite da organização.

Esta participação levou à organização de alguns torneios de preparação em que Máximo Couto participou como representante da selecção de Lisboa.


(Mundo Desportivo, 30 março 1951)

 




(Mundo Desportivo, 2 abril 1951)


 Máximo Couto começava a ganhar destaque na equipa de Lisboa, aumentando com isso a possibilidade de vir a integrar a equipa nacional.

(Mundo Desportivo, 4 abril 1951)

 
A participação da equipa portuguesa no Campeonato de Europa era preparada conforme as possibilidades de então, para o que foram escolhidos os melhores jogadores do país, em cujo grupo se encontrava Máximo Couto, juntamente com outro jogador do Algés, seu companheiro de equipa, Mário Almeida.



(Mundo Desportivo, 23 abril 1951)

 

 



(Mundo Desportivo, 27abril 1951)


Como curiosidade, deixamos alguns dados dessa participação portuguesa, realizada a convite dos organizadores (França)
 
7º CAMPEONATO DA EUROPA – PARIS, 1951
Mário Almeida e Máximo Couto, jogadores do Algés, integram a seleção nacional.

RESULTADOS
4/maio/1951, Portugal – Grécia - 35-81 (15-38 ao intervalo)
7/maio/1951, Portugal – Bulgária - 32-77 (15-34 ao intervalo)
8/maio/1951, Portugal – Austria - 31-43 (14-26 ao intervalo)
9/maio/1951, Portugal – Suiça - 52-49 (28-31ao intervalo) – Primeira vitória internacional de Portugal em Basquetebol.
10/maio/1951, Portugal – Alemanha - 39-47 (20-31 ao intervalo)
11/maio/1951, Portugal – Dinamarca - 39-46 (24-18 ao intervalo)


Durante esta competição, Máximo Couto chegou a ser o capitão da equipa portuguesa.
 

Mário Almeida e Máximo Couto com a camisola de Portugal

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Embora com a sua carreira de jogador em pleno desenvolvimento, Máximo Couto começava já a dar sinais de que queria assumir também a função de treinador, tendo frequentado o curso denominado de “divulgação dos métodos de ensino do basquetebol e da arbitragem”, realizado em Lisboa.

(Mundo Desportivo, 27 Dez 1951)

 
Perante todos estes factos, é com alguma naturalidade que, no aniversário do clube no ano seguinte, os troféus dos habituais torneios de basquetebol receberam os nomes dos recentes internacionais, a que se juntou o nome de um outro jogador da equipa de seniores, que ocupava uma posição de destaque no seio do grupo (Vasco Carrelhas).


(Mundo Desportivo, 16 junho de 1952)

 

(Mundo Desportivo, 20 junho 1952)

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Em 52/53 Máximo Couto inicia a sua carreira de treinador, começando por orientar a preparação da equipa de juniores do Algés, equipa esta que é treinada por si durante 2 anos. Em 54/55 começa um primeiro período como treinador dos seniores do Algés, que vai prolongar-se até 62/63.
Neste intervalo, em que a equipa do Algés apresentou sempre um jogo de elevada qualidade, a época de 59/60 foi aquela em que os resultados acompanharam essa mesma qualidade, subindo à Divisão de Honra de Lisboa após vencer o campeonato regional da 1.ª Divisão e vencendo também o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, ao qual se acedia em função dos resultados das provas regionais.
Segundo alguns jogadores (por exemplo, Fernando Brites) que foram treinados por si nesta altura, Máximo Couto era um treinador que beneficiou muito da sua presença em França no Campeonato da Europa, não apenas pelo que viu às equipas participantes, como pelas ligações que a partir dessa data foi construindo e que o foram enriquecendo do ponto de vista técnico. Um dos aspectos que foi salientado por quem, nessa altura, foi treinado por Máximo Couto, era a exigência que sempre colocava na necessidade dos jogadores realizarem movimentos e gestos com toda a correcção técnica.



(Norte Desportivo, 17 janeiro 1960)


(Norte Desportivo, 17 janeiro 1960)


Como consequência destes excelentes resultados, Máximo Couto e a sua equipa foram louvados pela Direcção do Sport Algés e Dafundo.


(Mundo Desportivo, 13 maio 1960)


Num artigo publicado no Boletim do Sport Algés e Dafundo (setembro de 1960), que era assinado por Afonso Gonçalves, surge uma caricatura de Máximo Couto a ilustrar um texto em que se elogia o papel que desempenhou como treinador das equipas do Algés.
 

 


(Boletim SAD, setembro 1960)

 
O papel do treinador tinha começado a ganhar um lugar de maior relevo na qualidade dos jogadores e das equipas. No jornal Mundo Desportivo faziam-se alguns comentários pertinentes, associando a qualidade do jogo verificado com a formação dos treinadores das equipas, apelando à urgência do aparecimento de cursos de treinadores, o que, felizmente, veio a ser concretizado, salientando-se o papel interveniente de Máximo Couto neste movimento.

(Mundo Desportivo, 31 dezembro 1962)



(Mundo Desportivo, 18 de março de 1963)


A qualidade do seu trabalho com as equipas do Algés levou a que a Associação de Basquetebol de Lisboa viesse a convidar Máximo Couto para seleccionador regional de juniores masculinos.

(Mundo Desportivo, 9 janeiro 1963)

 
Em 68/69, depois de alguns anos de afastamento, regressa ao Algés e à equipa de seniores masculinos, a convite da Secção de Basquetebol de então, e encontra uma outra equipa de jovens jogadores que são por si dirigidos durante 2 épocas e meia.
 
 

 
(seniores masculinos do Algés, época 70/71)

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Abandonando a função de treinador, não fica muito tempo sem intervir na modalidade, candidatando-se e sendo eleito para o lugar de Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol.
Máximo Couto assume assim uma nova etapa na sua ligação ao Basquetebol.
Em 28 de março de 1971, a sua equipa é eleita para dirigir o Basquetebol Português e assim definir o caminho do seu desenvolvimento.

 
(A Bola, 29 de Março de 1971)


No número 1 do boletim da Secção de Basquetebol O PIVOT, Máximo Couto, já como Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, dá uma entrevista onde, para além de traços gerais da sua história pessoal, mostra a sua perspectiva para a vida da modalidade no clube e mesmo para a forma como o desenvolvimento do Basquetebol, a nível nacional se deve processar

  
 
(Pivot, 1 de outubro 1971)

 
A sua passagem pela Direcção da Federação Portuguesa de Basquetebol dura cerca de 11 anos, cabendo-lhe a tarefa de dirigir a modalidade durante o período da revolução de Abril. Eis uma entrevista que deu ao jornal A Bola em que mostra grande entusiasmo pelos passos que estavam a ser dados sobretudo no crescimento que estava a acontecer.

 
 

(Bola, 25 outubro 1975)


Mais tarde, já à guisa de balanço do que foi feito durante o seu mandato, Máximo Couto dá uma entrevista na revista Basket.


(revista Basket, Fev – Mar 1981)
 

O último documento que encontrámos sobre a sua passagem na FPB foi esta entrevista ao jornal Record, em véspera de um grande evento que aconteceu em Portugal – Campeonato da Europa de seniores masculinos, grupo B – que decorreu em Lisboa e no Porto, com uma organização que mereceu os mais rasgados elogios dos participantes.

O título da entrevista assinala a forma "dominadora" como exercia as funções que teve de desempenhar, controlando todos os pormenores de que podia depender o sucesso da sua função.


(Record, 26 março 1982)

Acreditamos ter conseguido fazer um resumo objectivo da vida desportiva desta grande figura do Basquetebol no Sport Algés e Dafundo, cingindo-nos aos factos e aos documentos que conseguimos encontrar e que nos parecem suficientemente demonstrativos da riqueza com que Máximo Couto viveu os muitos anos que dedicou ao Basquetebol Nacional e, muito em particular, ao Sport Algés e Dafundo.


 

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