Achámos que seria interessante ouvir seis jogadores do clube (3 homens e 3 mulheres), de três gerações diferentes, sobre o lugar que o Sport Algés e Dafundo e a sua passagem pelo Basquetebol no clube tiveram na sua vida, sendo curioso verificar a presença de muitos sinais comuns, apesar de se tratarem de épocas bem distintas.
Ana Maria Costa
(Jogadora da equipa do Algés - década de 60)
Começo por recordar como entrei para sócia do SAD. A maioria dos jovens de Algés tinha alguma ligação ao Sport Algés e Dafundo e eu com 11 anos ainda não tinha conseguido que os meus pais me inscrevessem no clube. Eis que surge a grande oportunidade, entro para o 3º ano na Escola Comercial Ferreira Borges e na primeira aula de Edução Física a professora lembrou-se de inspecionar as colunas vertebrais das meninas e chegada a minha vez referiu que eu tinha “escoliose dupla” e que precisava de fazer ginástica de espaldar. Fiquei felicíssima aí estava o trunfo para convencer os meus pais a inscreverem-me no SAD para fazer ginástica. Entrei a medo na primeira aula e bastante tímida, mas percebi de imediato que o ambiente era excelente e integrei-me de imediato, chegado o verão veio o acesso à piscina! As minhas férias de verão foram maravilhosas e assim começou a nascer a minha ligação ao clube e aos amigos, a minha paixão pelo SAD.
Ana Maria Costa
(Jogadora da equipa do Algés - década de 60)
Começo por recordar como entrei para sócia do SAD. A maioria dos jovens de Algés tinha alguma ligação ao Sport Algés e Dafundo e eu com 11 anos ainda não tinha conseguido que os meus pais me inscrevessem no clube. Eis que surge a grande oportunidade, entro para o 3º ano na Escola Comercial Ferreira Borges e na primeira aula de Edução Física a professora lembrou-se de inspecionar as colunas vertebrais das meninas e chegada a minha vez referiu que eu tinha “escoliose dupla” e que precisava de fazer ginástica de espaldar. Fiquei felicíssima aí estava o trunfo para convencer os meus pais a inscreverem-me no SAD para fazer ginástica. Entrei a medo na primeira aula e bastante tímida, mas percebi de imediato que o ambiente era excelente e integrei-me de imediato, chegado o verão veio o acesso à piscina! As minhas férias de verão foram maravilhosas e assim começou a nascer a minha ligação ao clube e aos amigos, a minha paixão pelo SAD.
O
basquetebol masculino do SAD já era uma referência no país e as meninas
começaram a ir ver os treinos, algumas tinham lá o namorico ou a sua paixoneta,
fazer claque nos jogos e a deixar-se envolver pela modalidade, mas…. não havia
basquetebol feminino na época no Sport Algés e Dafundo, já tinha havido umas
décadas antes, mas na altura não.
Alguém
teve a ideia de fazer uma equipa de basquetebol feminino e daí à ideia passar à
concretização foi um ápice. Surgiram logo jogadoras voluntárias, a Maúcha, a
Manela Nunes), eu, a Teresinha Marques, a Tina (Albertina Dias), as manas São e
Mena Guerra, a Armandina Almeida, Isa Duarte Gomes, Deolinda (não me recordo se começamos todas ao mesmo
tempo ou não mas a primeira equipa a entrar no campeonato na época 1964/1965
era composta por estas meninas, mais tarde outras se juntaram).
Começámos
a treinar, lembro-me que tivemos vários treinadores voluntários para que a
ideia não morresse, o Sr. Lafuente, o Hara, o Sr. Afonso Gonçalves etc. e
finalmente o Sr. Agostinho Pessoa Duarte (carinhosamente tratado por Zé Nito)
que pegou em nós e conseguiu fazer uma equipa entusiasmada, feliz.
Lembro-me
da minha alegria quando comprei as minhas primeiras botas sanjo, que lindas e
que orgulho ser uma jogadora de basquetebol! E quando tivemos o primeiro equipamento, era
uma vaidade descer a minha rua de verde vestida identificando a minha qualidade
de atleta do SAD.
Não havia nada que me fizesse faltar aos
treinos, tudo se conjugava de modo a conseguir estudar para testes e exames,
frequentava ainda na altura 3 institutos de línguas, dava explicações a
crianças mais novas mas na hora dos treinos aí estava eu e as minhas amigas
prontinhas para a luta. Rezava a “todos os santinhos” para que não chovesse
muito para podermos sempre treinar. Não posso dizer que era uma “craque” mas
era esforçada e adorava treinar.
O nosso primeiro jogo foi amigável, os infantis/Juniores
(?) masculinos iam jogar ao Clube Naval de Setúbal e convidaram as meninas para
fazerem um jogo treino com a equipa feminina do Naval que tal como nós estava
em fase de iniciação! Que emoção e que nervos…a nossa primeira exibição.
Fizemos um resultado digno da WNBA um estrondoso 10-9 com a vitória merecida do
SAD.
O campo de basquetebol funcionava na rua de
Olivença e era revestido a Alcatrão, andávamos sempre todas esfoladas, mas
felizes.
Quando nos deslocávamos para os jogos íamos
de carro elétrico, ou comboio, alguns campos como o nosso não eram cobertos
passávamos imenso frio (até me arrepio quando íamos jogar a Sintra as mãos
ficavam geladas e muitas vezes estavam cheias de frieiras ..) mas tudo isso era
ultrapassado pela alegria de jogar.
Um dia íamos jogar a Cascais e tínhamos que
mudar de comboio em Oeiras, lá íamos todas contentes na risota e eis que à
saída do comboio a Mena Guerra cai entre o cais e o comboio. A
irresponsabilidade da idade fez-nos desatar a rir antes de corrermos para o
maquinista não arrancar. Depois lá tirámos a Mena e chorámos a rir a recordar a
cena. Não houve dramas, lá fomos jogar como se nada se tivesse passado. Pobre
Sr. Zé Nito deve ter apanhado um susto!!!).
Joguei apenas 5 anos mas foi o suficiente para
nunca mais deixar de gostar de basquetebol e por ironia do destino, casei com
um jogador e treinador de basquetebol, as minhas filhas jogaram basquetebol no
SAD nomeadamente a mais nova que foi também treinadora, o meu neto mais velho
jogou no SAD e está a fazer o curso de
treinador e o mais pequeno de 5 anos
Já está no baby basquete. Coincidência ou não
acho que a minha paixão e a do meu marido pelo basquetebol contaminaram a nossa
descendência.
Frequentar o Sport Algés e Dafundo e ser
atleta do mesmo foi um pilar muito importante na minha educação e no meu
crescimento como complemento do que os meus pais me ensinavam em casa. Aprendi
que para ser feliz não é preciso ter muito, aprendi a viver e a pensar em grupo
, respeitar o adversário, respeitar todas as pessoas e desenvolvi amizades que
duram até hoje.
Tive muita pena que, devido a ter partido
para Moçambique ainda jovem, tivesse interrompido a carreira do basquetebol
muito cedo mas……volvidos alguns anos aí estava eu de regresso Algés, a recuperar os amigos e a fixar-me de
novo em Algés para permitir aos meus descendentes experienciarem as vivências
do clube, a felicidade de ser jovem em Algés e a terem amigos como
eu tenho.
Antes de terminar quero homenagear e
agradecer a todos que me ajudaram nesta caminhada desportiva, aos treinadores,
seccionistas, massagistas, colegas de equipa colegas da modalidade, aos nossos
pais e apoiantes fieis sempre presentes
nos nossos jogos. Alguns infelizmente já partiram, mas fica o meu reconhecimento
eterno.
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