domingo, 20 de agosto de 2017

Clube de Formação de Jogadores


TEMAS ABORDADOS

·       Algés - Clube de formação de jogadores
·       Aperfeiçoamento de Jogadores – uma preocupação permanente
·       Algés – clube de treinadores
·       O papel dos treinadores na vida da Secção de Basquetebol do Algés
·       Formação Interna de treinadores
·       Iniciativas inéditas
·       Treinadores do Algés – selecionadores nacionais


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SPORT ALGÉS E DAFUNDO

Clube de formação de jogadores

O conceito de formação de jogadores usado no título deve ter uma abrangência muito ampla.

Sem dúvida que o Sport Algés e Dafundo sempre foi um clube preocupado e interveniente na formação técnico-táctica dos seus jogadores, o que se traduzia, de diferentes maneiras, na organização das suas actividades.
Contudo, o papel do clube e em particular da Secção de Basquetebol é bem mais alargado, intervindo sobre a postura dos seus atletas em todos os restantes domínios, seja os que estão diretamente associados à prática do basquetebol, seja na forma como os mesmos praticantes intervêm na vida do clube, seja ainda, e não menos importante, a sua formação como cidadãos de uma sociedade que lhes exige direitos e deveres, compromisso e respeito pelos outros, para os quais o desporto pode ajudar com a oferta de experiências ricas nestas componentes.


CARACTERÍSTICAS DA FORMAÇÃO DOS JOGADORES NO CLUBE

   a.   Formação de Jogadores – uma preocupação sempre presente. Desde os 
        anos mais precoces que encontramos evidências da preocupação do
        Algés com a criação de condições para que os jovens possam aderir ao
        Basquetebol. mesmo sabendo-se que a modalidade, inicialmente, tinha
        uma prática exclusivamente para os adultos
b.  O Algés foi pioneiro na inscrição de equipas B e C, maioritariamente  construídas em função do ano de nascimento, o que lhe veio a trazer vantagens desportivos nos anos 70 e 80, com feitos ainda não repetidos, da conquista de títulos neste escalão; 
c.   Como referimos, no início o Basquetebol era uma modalidade praticada só por adultos, em que a paixão pelo jogo e a correspondente adesão à prática da modalidade se via na existência de várias categorias no escalão de seniores (reservas, segundas, terceiras e mesmo quartas categorias) nas quais o Algés sempre esteve presente. No início o Basquetebol do Algés (provavelmente de todos os clubes) era pois uma modalidade de adultos, surgindo mais praticantes seniores (com 3 e 4 equipas) do que juniores e infantis, não havendo prática abaixo dos 14 anos (até aos anos 60);
d. Durante muitos anos (anos 70), mesmo participando na 1ª Divisão onde quase todas as equipas tinha nos seus quadros jogadores estrangeiros, o Algés tinha como bandeira o facto de querer lutar contra eles apenas com jogadores portugueses, a maioria dos quais surgia nos seniores após um percurso mais ou menos longo nas suas equipas de formação
e.  Embora existam casos (pouco frequentes) de jogadores de outros clubes que decidissem vir jogar para o Algés (aos quais o SAD não podia oferecer qualquer recompensa material, pelo que essa decisão teria de resultar de argumentos de bem-estar e de perspectiva de progresso como praticantes), a grande maioria dos jogadores seniores do clube iniciavam a prática do Basquetebol nas suas equipas de juvenis e juniores;
f.    Mesmo sabendo que, em certos aspectos da preparação, tal constituísse um erro metodológico, as equipas de formação do clube sempre foram tratadas em pé de igualdade na definição dos treinos, no acesso ao material, nas condições com que eram acompanhadas. Os espaços para treino, por exemplo, mesmo seguindo regras progressivas na sua atribuição, eram discutidos e distribuídos de modo a garantir o mínimo de condições de treino a todos os intervenientes, havendo, por vezes, situações de tratamento excepcional mas para as equipas mais jovens;
g.   A escolha dos treinadores para as várias equipas de formação era um momento de elevada preocupação, no sentido de se garantir a indispensável qualidade técnica e humana para o correcto desempenho destas funções. Este cuidado na escolha levava depois a um trabalho empenhado e participativo, fruto de uma dedicação que tem de ser relevada.


Esta preocupação não é recente. Se no início o basquetebol era apenas um jogo de adultos, o Algés primou pela presença quase permanente em todas as categorias, sendo algumas vezes referenciado como o clube que mais atletas possuía.

Depois, quando a idade de início da prática do basquetebol baixou, são muitas as referências que encontrámos que coloca o Algés na lista dos pioneiros destas actividades, tal como podemos encontrar na apresentação da vida do basquetebol época a época.
Apenas como exemplo desta posição, deixamos uma notícia publicada no Boletim do SAD sobre o relatório da Secção de Basquetebol sobre o ano de 1961

Como vem sendo habitual, esteve em funcionamento durante o Verão de 1961, uma escola de jogadores para todos os sócios do SAD dos 14 aos 17 anos, que mostraram desejo de representar o Clube nos torneios oficiais em Infantis e juniores. 
Porém, por nos parecer  de grande interesse começar a incutir nos mais jovens o gosto pela prática da modalidade, por nós reputada como das mais completas, tomámos a iniciativa de realizar aos domingos de manhã, no salão de ginástica, sessões de iniciação de basquetebol destinadas exclusivamente a rapazes dos 10 aos 13 anos.
Parece-nos que os dirigentes devem dedicar a estas escolas a maior atenção e tudo fazer pela sua permanente atividade, pois será neleas que se poderão “fabricar” os futuros representantes do SAD, a quem cumprirá a missão de manter ou se possível ampliar o prestíguio que o nosso clube conquistou na modalidade".

 

(Boletim SAD, data desconhecida)

(Relatório SAD, 1953)

 

(Boletim SAD, 1954)



(Boletim SAD, 1955)

 

(Relatório SAD, 1958)
 
(Relatório SAD, 1962)

(Boletim SAD, Junho 1963)


(Relatório 1964)

(Revista SAD, Set1997)

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Uma reflexão do coordenador Carlos Teigas sobre o potencial formador do Algés espelha bem a forma de pensar existente no clube quanto à formação dos seus jogadores
 
Novas gerações estão à porta e não queremos perdê-las ...

"A estreia do Tiago Westenfeld, pelo Belenenses na Liga profissional , vem aumentar o número daqueles que tendo-se iniciado no Algés, procuram outras emoções, que aqui talvez não encontrem . 
O rol é grande (Luis Silva, Alexandre Pires, Rui Dean, Lui Pitra, Francisco Jordão, Tiago Westenfeld, André Pedroso, etc.), que grande equipa faríamos com estes jogadores....
Para muitos será frustração, para nós motivo de orgulho, mas não será tempo de inverter esta situação? e começarmos a criar condições para que os nossos talentos não vão para outras paragens...
Pensamos que sim, e já este ano para as nossas equipas seniores ,estamos a tentar criar melhores condições de participação."

(Bola ao Cesto –Out/2001 – volume 5, n.º 3)


Num outro documento, o mesmo Carlos Teigas destaca o verdadeiro e principal objectivo da Secção de Basquetebol: os jogadores. 
"Os nossos atletas
São o capital mais importante de qualquer clube. Minis, jovens , seniores,
veteranos.  Sem eles os clubes não têm razão de existirem. Mas os nossos atletas são
especiais: Treinam ao ar livre , em meio pavilhão, na rua de Olivença, mas ao fim
   de semana lá estão, batendo-se de igual para igual, com  os companheiros dos   
   outros clubes.
 Aprendem a jogar e também a ser melhores adultos. Equilibrados,    sensatos, solidários, enfim boas pessoas. Nem sempre é assim, mas nós tentamos e, claro,  gostávamos muito que fosse.
     Mas serão sempre os NOSSOS ATLETAS
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Carlos Teigas, numa entrevista dada à revista Basket, mostra de forma clara as características do basquetebol do Algés.

 “É permitido a qualquer jovem praticar Basquetebol no Algés, apenas lhe sendo exigido que seja sócio do clube. No minibasquete nem isso é pedido, podendo entrar nas nossas equipas de mini todos os que queiram participar, sendo formadas tantas equipas quantos os jovens interessados” 
“Para cada equipa federada que disputa provas oficiais são proporcionados 3 treinos semanais de 90 minutos, para além do necessário material de treino”
“O SAD não está preparado para receber todos os jovens que movimenta, existindo várias dificuldades que são superadas progressivamente. Em determinada fase da sua história o Algés recebeu desmesuradamente um grande caudal de jovens, não conseguindo acompanhá-los devidamente em termos de apoio técnico e organizativo, isto é, material e locais de treino. Hoje, progressivamente, tentamos proporcionar esse apoio, reorganizando-nos, porque não pretendemos mandar embora atletas. Queremos disponibilizar aos jovens interessados os recursos mínimos exigíveis para a prática da modalidade”
“Todos os jogadores possuem equipamento para jogo, mas, no entanto, ainda temos grandes dificuldades de recintos para treinar, faltando também seccionistas para algumas equipas”
“A supremacia do Algés, verificada durante vários anos, no escalão de iniciados, deve-se ao facto de os jogadores, quando atingem este escalão, já levarem 2-3 e mais anos de prática do Basquetebol, o que não sucede nos outros competidores. A não continuidade deste sucesso nas equipas mais velhas deve-se a vários factores:

·        As equipas do Algés não são tão altas como as demais (não têm aparecido no clube jovens altos para aprenderem a jogar)

·        Após os iniciados, não é posta ao dispor dos jogadores uma maior carga de treino, mantendo-se as horas de treino disponíveis, ao contrário do que sucede noutros clubes, sendo anulado o avanço técnico que os nossos jogadores iniciados possuíam”

·        Depois, como os nossos jogadores não vêem as suas condições de treino melhorarem, procuram outeos clubes que as garantem.

“O Algés é um clube sui generis, que se limita a cumprir a sua função social, de receber os jovens da sua esfera geográfica de acção e proporcionar-lhes todos os recursos técnicos disponíveis, porque não pode (por falta de vocalção e de recursos) entrar naquilo que alguns chamam de “alta competição do Basquetebol”.
“ Se o Algés se consegue manter há uns anos na 1ª divisão, deve-se em certa medida, às dificuldades vividas pelos adversários, nomeadamente na manutenção dos seus jogadores americanos até ao final da época. Contudo, esta situação agrava-se de ano para ano. O ano passado saíram 6 jogadores. Não os censuramos por isso nem nos censuramos a nós próprios” por tal. O lugar dos bons jogadores, como o José luis Almeida, por exemplo, é mesmo nos clubes de elite, dado o seu valor, porque, repito, o Algés não é um clube vocacionado para esse tipo de competição, pelo que entendemos  a necessidade desses jogadores de procurarem praticar a modalidade de quer gostam noutros clubes que lhes proporcionam outras condições de treino e um mais alto nível competitivo”


Toda esta filosofia e as características alargadas do conceito de formação de jogadores e jogadoras, está presente no texto que acompanha o programa das 24 h de Basquetebol, organizado pelo clube em junho de 1994.

 

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A preocupação com a formação de jogadores não tem como primeira meta os títulos, mas sabemos todos que o trabalho com qualidade ajuda muito a que tais títulos surjam com maior probabilidade.

Os factores que os condicionam são vários. Mas a satisfação de os alcançar é uma consequência natural de quem tenta, com os meios ao dispor, fazer sempre bem e melhor.
A história do Algés demonstra que o basquetebol do clube está neste caminho.

(Diário, 1995)

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APERFEIÇOAMENTO DE JOGADORES - UMA PREOCUPAÇÃO

O princípio geral de centrar a preparação no aperfeiçoamento dos jogadores esteve sempre presente nas equipas do Algés e era, sem dúvida, prioritário no trabalho realizado.
Contudo, para além disso, ao longo dos anos foram lançadas várias iniciativas, orientadas por diferentes pessoas mas com uma filosofia em que, hoje, é possível encontrar traços comuns, o que vem mostrar que corresponde a uma postura do clube que se manteve ao longo da sua história.
Trata-se de iniciativas que visam a realização de actividades fora do habitual espaço de treino, destinadas a que os jovens jogadores possam melhorar os seus desempenhos na prática do jogo de basquetebol.



I CRITÉRIO BASQUETEBOLISTICO INFANTIL
Em 1959 começámos por encontrar uma referência no boletim do SAD, à realização de um critério técnico aplicado na equipa então denominada de infantis (sub 16), o qual representava um misto de aperfeiçoamento e avaliação dos jogadores.


(Boletim SAD, 1959)


Tratava-se de um conjunto de 5 provas realizadas por todos os jogadores da equipa
A sua finalidade era a de estimular o interesse e a dedicação dos jovens praticantes nos mais importantes capítulos de jogo (drible, finta, lançamento, passe)
A iniciativa (I CRITÉRIO BASQUETEBOLISTICO INFANTIL) foi da autoria de Carlos Alberto Barros Gonçalves e englobava as seguintes provas:
·        Lançamento de campo
·        Lances livres
·        Dribling
·        Passes em corrida
·        Perguntas elementares sobre regras do jogo

Havia uma atribuição de pontos e a classificação era feita pelo somatório das marcas alcançadas nas 5 provas. 
 

SESSÕES DE APERFEIÇOAMENTO DE JOGADORES
Na primeira metade da década de 80 o colectivo dos treinadores do clube decidiu lançar um conjunto de iniciativas tendo em vista o aperfeiçoamento dos jogadores iniciados e juvenis, de ambos os géneros.
Por indicação dos respectivos treinadores, seguindo critérios previamente estabelecidos entre os seus membros (potencialidade dos jogadores, progresso verificado, assiduidade, empenho, qualidade técnica revelada e vontade de aprender), eram indicados periodicamente os jogadores (a escolha não era definitiva) de cada equipa (iniciados e juvenis) que iriam participar nessas sessões de aperfeiçoamento técnico-táctico .
Em cada semana, das 18 às19 horas (nesta hora não havia treinos das equipas, o que obrigava a posteriores acertos), duas vezes por semana, esse grupo alargado tinha uma sessão de treino cuja orientação ficava a cargo de todos os treinadores do clube, na qual eram trabalhados os fundamentos do jogo e depois aplicados em jogos reduzidos.
No final de cada sessão eram distribuídos aos jogadores que mais se tinham evidenciado, posters ou revistas de basquetebol, o que causava a alegria dos que mereciam tal reconhecimento.



ÉPOCA DE 1994/95
Num documento produzido pela coordenação técnica do Basquetebol do Algés (dirigida por Carlos Teigas), encontrámos referido, como objectivo de trabalho para a Secção de Basquetebol, a constituição de grupos de aperfeiçoamento, que deveriam desenvolver regularmente a sua actividade.


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CAMPO DE TALENTOS - ALGÉS 2011/12

Recorrendo a palavras dos próprios organizadores, a apresentação deste campo de talentos é feita do seguinte modo: “O Sport Algés e Dafundo dinamiza jovens atletas, treinadores e pais que com verdadeiro espírito de equipa, organizam um Campo de Talentos que certamente, pela sua excelência se tornará uma referência no plano basquetebolista nacional.”


















 
(Campo de talentos, 2012)

 

(Campo de talentos, 2012)


(Campo de talentos, 2012)
 


Mais tarde esta mesma iniciativa ganhava outros contornos, mantendo-se a ideia de melhorar a qualidade do desempenho dos jogadores do clube e, como novidade, o reforço da componente física.
 
(Julho de 2005)



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SPORT ALGÉS E DAFUNDO
CLUBE DE TREINADORES


Se o Algés é considerado como uma escola de jogadores, é de toda a justiça referir que deve ser igualmente identificado como sendo também uma escola de treinadores, tantos foram aqueles que despontaram nessa função no clube, trilhando depois caminhos distintos, que a vida e o Basquetebol foram criando, mas repletos de sucessos e de reconhecimento público.
Embora seja possível encontrar na história do clube diferentes momentos onde tal característica surgisse quase como condição obrigatória,

Uma grande parte dos treinadores de Basquetebol do Algés iniciavam as suas funções após (ou mesmo durante) uma carreira de jogador de basquetebol do clube, embora seja possível encontrar momentos diferentes na história do clube em que tal acontecia com maior frequência, bem como outros casos de treinadores que entraram no clube directamente para exercerem esta função.
Esta ligação ao clube como praticante dava-lhe valências e competências adicionais para juntar ao “jeito” para ser treinador, condição que lhe era reconhecida quando da formulação do primeiro convite para a função.

Segundo um dos treinadores que entrevistámos (David Guedes) que viveu este caminho de passagem, “o facto de um treinador do Algés ter sido jogador do Algés é um elemento determinante, independentemente da sua competência como treinador”.
Esta forma de captação tinha um risco que provavelmente se mantém ainda hoje, ao aderir ao exercício da função de treinador de uma forma quase graciosa. Muitas vezes a “carreira” destes treinadores era curta, visto que outros valores surgiam na vida pessoal dessa pessoa que não lhe permitiam a entrega ao clube e a resposta às solicitações que lhe eram feitas na função de treinador.
É que o prato da balança do lado das compensações oferecidas pelo clube para equilibrar estas exigências, era sempre muito menos pesado do que a realidade da vida lhe pedia.
Havia o amor ao clube. A vontade de colaborar. O gosto pelo basquetebol. Mas a recompensa financeira, quando existia (como vimos, até aos anos 70 tal possibilidade nem se colocava a nenhum treinador de basquetebol), era muito pequena, para entrar em confronto com aquilo que a família e a vida pessoal lhe solicitava.
Dizia-nos aquele treinador que referimos:
Quando um jogador se lança no mundo do trabalho, ao qual dedica naturalmente o seu principal compromisso e empenho, deixa de poder entregar ao Algés o tempo que a prática de treinador necessita “.

Esta realidade de hoje nem sempre esteve presente, sendo bastante grande o número de treinadores que dedicou ao Basquetebol do Algés muito do seu tempo, nem sempre devidamente remunerado para tal.
Mas enquanto podia e era possível conciliar os interesses pessoais e desportivos, a sua presença no clube como treinador permanecia, proporcionando tantas alegrias tanto ao clube como aos seus jogadores e jogadoras.
Mesmo reconhecendo os novos paradigmas que, pouco a pouco, se foram necessariamente implantando, a dimensão do basquetebol no clube, nomeadamente o elevado número de equipas que sempre existiu, obriga a que esta captação interna e a sua formação progressiva no trabalho com outros treinadores, se mantenha, se defenda e perdure.
Trata-se pois de conseguir captar novos treinadores no seio dos jogadores do clube, formá-los, motivá-los, mas estar ciente de que é preciso alimentar essa paixão e tal dedicação, reduzindo os riscos de abandono, ou estando consciente de que isso vai acontecer e que permanentemente é preciso renovar.
Directamente associada a esta ideia existe uma outra que quase sempre se verificou no basquetebol do clube, em toda a sua história: a presença de alguns treinadores de referência que, pelo menos internamente, constituíam um foco de atenção para os mais novos treinadores e, ao mesmo tempo, permitiam um acompanhamento muito rico, que a proximidade e a convivência diária facilitavam. Os treinadores mais jovens possuíam sempre uma referência e a possibilidade de acompanharem sem obstáculos e diariamente os treinos e o comportamento dos treinadores mais velhos.
Foram vários aqueles que nos diferentes períodos e por vários anos assumiram esta função, mesmo que nem sempre formalizada no desempenho de qualquer função de coordenação, mas que certamente contribuíram para a formação dos treinadores mais novos.
Segundo um desses treinadores mais novos, criava-se no clube o hábito de suprir as suas naturais limitações de formação, com o apoio dos mais velhos, a começar pela observação daquilo que esses mesmos treinadores mais experientes realizavam com as suas equipas
Para além disso, o seu envolvimento nas iniciativas que eram lançadas e a discussão que as mesmas proporcionava, ajudava a criar um ambiente de reflexão e crítica permanente sobre a função de treinador, tão importante para a formação dos que queriam aprender.

(grupo de treinadores e monitores do Algés dos anos 80)


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O PAPEL DOS TREINADORES NA VIDA DA SECÇÃO DE BASQUETEBOL
Ao longo de uma grande fatia da história da modalidade no clube, os treinadores estiveram sempre por dentro e na base das decisões que iam sendo tomadas no âmbito da vida da Secção de Basquetebol.
Esta posição era quase natural, tal o envolvimento e a paixão que acompanhavam o exercício da função dos treinadores do clube.
Por outro lado, os dirigentes sempre receberam de bom grado essa colaboração, por a sentirem como genuína, franca e útil para o melhor andamento das actividades do basquetebol no clube.
Apesar de haver quase sempre a presença simultânea de treinadores e dirigentes, esta diferença quase desaparecia quando se tratava de analisar o clube, lançar novos desafios, resolver problemas e procurar soluções de melhoria para a preparação das jogadoras e dos jogadores.
A colaboração dos treinadores com os dirigentes foi sempre estreita, sendo aqueles sempre ouvidos para a definição do caminho a seguir e nas iniciativas a realizar. Mas a naturalidade da forma de trabalho e relacionamento ia mais além. Praticamente todas as iniciativas do clube foram inventadas, dinamizadas e organizadas sob a influência ou sob a iniciativa dos treinadores, o que não deixa de ser natural face à sua especialização na modalidade.
O destaque que a situação nos merece é a simplicidade e naturalidade com que no basquetebol do SAD estas duas funções foram coexistindo, com os treinadores sempre interessado e em penhados em estarem junto, ou dentro da locomotiva que puxava e conduzia o basquetebol do clube.

FORMAÇÃO INTERNA DOS TREINADORES DO ALGÉS - UM HÁBITO DO CLUBE
De acordo com os dados a que acedemos, o conjunto de treinadores que trabalhou no Algés ao longo dos anos, conseguiu sempre criar colectivos de treinadores que, no exercício das suas funções, garantiam uma solidariedade técnica e uma conjugação de interesses que não pode deixar de ser enaltecida.
Um dos aspectos mais relevantes foi, sem dúvida, o da sua formação, havendo vários sinais do trabalho que era feita neste campo.
Da nossa experiência que cobre alguns anos e também dos contactos estabelecidos com treinadores que passaram no clube, a preocupação com este tema era diária, no apoio que existia dos treinadores entre si e na partilha de informação que se estabelecia
Mas para além disso, também existia o hábito de criar momentos próprios para contribuir de forma mais objectiva para a melhoria da competência dos treinadores do clube, em iniciativas de formação interna, para os treinadores do clube, que nos atrevemos a referir como elemento de caracterização do basquetebol do Algés
Existem elementos que recolhemos que comprovam esta afirmação.
Logo em 1961 encontrámos um primeiro sinal desse trabalho em conjunto, e de manifestação de que a competência dos treinadores é um objectivo colectivo para o qual todos devem contribuir. No boletim do SAD de 1961 surge a seguinte notícia:
 “Com o fim de se uniformizarem os métodos de treino, quer quanto ao ensino, quer quanto aperfeiçoamento dos jogadores, efetuaram-se algumas reuniões entre os treinadores (não tantas, todavia, como as que desejávamos), cujos resultados foram bastante animadores, porquanto nelas houve oportunidade de se apreciarem e discutirem, com maior desassombro e franqueza, certos problemas do maior interesse para o Clube”

Com a entrada de Jorge Araújo no clube (época de 1971/72) este espírito ganhou novos impulsos. A rede de contactos que este treinador possuía levou-o a estar presentes em vários clinics no estrangeiro. Depois, a sua postura pessoal de partilha de informação ali adquirida, proporcionou aos restantes treinadores do Algés momentos inolvidáveis para a sua formação.
Nos dois anos em que esteve no SAD lançou o hábito de, no início de época, realizar ações de formação prática – com a participação dos jogadores do clube – para que os treinadores recebessem as informações por ele adquiridas.
Eram assim criados momentos extremamente ricos para a formação dos treinadores do Algés, em que eram partilhados conhecimentos e informação muito recente, que de outra forma seria difícil receber.
Chamamos a atenção para a data em que estes factos aconteciam, pois estávamos num período histórico em que o acesso à informação era ainda muito difícil.
Dentro do possível, essa comunicação era também passada a escrito, de forma naturalmente rudimentar (usando apenas os meios disponíveis no clube), dando origem a documento interessantes que foram de grande utilidade.
   

No início de uma época desportiva (82/83) o coletivo de treinadores do SAD decidiu estabelecer um conjunto de indicadores de treino que permitissem classificar, qualificar e interpretar melhor a preparação realizada pelos jogadores. Para além de um elemento importante para o controlo de treino, no quadro de cada equipa, criando as bases para uma futura comparação entre épocas e a construção de um modelo de referência para o trabalho feito em cada ano e num dado escalão etário, ficava ainda criada a possibilidade de comparar a preparação feita nos diferentes escalões etários, situação enriquecida, no caso do Algés, pela existência de todas as categorias, tanto masculinas como femininas.
A definição dos indicadores constituiu, só por si, um elemento sistematizador muito interessante.
Durante a época surgiram momentos de balanço sobre o andamento da concretização da tarefa, existindo um esforço de todos para o cumprimento rigoroso do trabalho proposto.
O momento mais relevante e de maior peso formativo surgiu, no entanto, no final da época, quando da realização de algumas reuniões com a participação de todos os treinadores, em que se fez a confrontação dos dados atingidos pelas diferentes equipas dos vários escalões etários.
Foi então possível comparar os indicadores alcançados pelos vários escalões etários, confrontar os dados entre as equipas masculinas e femininas das mesmas categorias e ao mesmo tempo, comparar os nossos valores com as referências bibliográficas genéricas que alguns autores apontavam.
A discussão que realizámos acerca deste tema foi extremamente rica, servindo os dados a que agora chegávamos para justificar a vida do clube, os valores que o acompanhava e, em certa medida, também os resultados a que chegávamos com alguma regularidade.
 
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A preocupação com a formação dos treinadores que exerciam a sua função no clube manteve-se presente ao longo da história do clube, mesmo que sofrendo de momentos de menor expressão. Contudo, sempre que surgia a oportunidade, ou quando a vontade de algum ou alguns treinadores permitia ir além das actividades quotidianas das equipas, a preocupação com a melhoria da qualidade da intervenção dos treinadores expressava-se em novas iniciativas.

Foi o que aconteceu em Setembro de 1995, no início da época de 95/96, quando a coordenação técnica decidiu produzir uma publicação interna, de muito pequena tiragem, a que deu o nome de CADERNOS TÉCNICOS.




Tal como se diz no texto de apresentação do primeiro número, esta publicação destinava-se aos treinadores e monitores do basquetebol do Algés e era composto de artigos publicados em revistas, nacionais e estrangeiras da modalidade e relacionadas com o treino desportivo.


(Cadernos Técnicos, n.º 1 - setembro/95)


Do que conseguimos verificar, esta publicação manteve-se com alguma presença junto dos treinadores da secção de Basquetebol até ao ano 1998, quando da publicação do n.º 6 desta interessante iniciativa.

 
 
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Na recolha de informação feita para este trabalho verificámos que a Secção de Basquetebol do Algés teve outros momentos da sua história em que foram organizadas mais iniciativas de formação principalmente para os seus treinadores. A única diferença foi a de que as mesmas eram abertas e não exclusivamente destinadas aos treinadores do clube, mas não deixam de revelar uma vontade de chamar a atenção também dos treinadores do Algés para temas actuais, que muitos deles devem ter beneficiado.
Nas épocas de 2011/12 e 2012/13, foram organizadas várias destas iniciativas, num sinal de dinamismo que merece destaque.
 
A Secção de Basquetebol do Sport Algés e Dafundo irá realizar diversos “Workshop's de Estatística de Basquetebol”, sendo o primeiro em 6 Dez 2011, das 20.00 às 22.30 horas.
Este evento não tem custo de inscrição sendo ABERTO para qualquer agente ou aficionado de basquetebol.
O local da realização será nas instalações do Algés.
A sala é limitada pelo que é necessário efectuar uma reserva, através de e-mail, mencionando o nome, contacto telefónico e clube (opcional)
Conteúdo do Workshop
1.    Critérios estatísticos e interpretações
 
2.   Utilização do software FIBA Europe Stats Suite e GREB (utilizado nos jogos da LPB, Proliga e Liga Feminina)
 
Não sendo obrigatório, recomenda-se que tragam um computador portátil.
Esta iniciativa (que não se limitava aos treinadores do clube) obteve o natural relevo e aceitação através de uma participação elevada.

Realizou-se ontem (6/12) nas instalações do Sport Algés e Dafundo um Workshop de Estatística do Basquetebol.
Apesar do curto espaço de tempo entre a divulgação e a realização deste evento, não foi impeditivo de ter existido uma elevada adesão (16 participantes em 19 inscrições iniciais) por parte da comunidade basquetebolística lisboeta, o que diz bem do sucesso desta iniciativa do Clube.
 
Estamos certos que contribuímos para não só aprofundar o conhecimento acerca deste tema aos nossos colaboradores, mas também alargámos a agentes de outros clubes (Carnide, NB Queluz, FMH, EBC, OSJ, Benfica, CB Queluz e ABL foram os presentes), que apesar de serem nossos adversários dentro de campo, são também nossos parceiros, pois para jogar este jogo são sempre necessárias duas equipas.
 
Mais do que aprender o funcionamento de uma ferramenta de suporte à recolha dos dados estatísticos, foi a apresentação e discussão de critérios a utilizar no momento (muito rápido do jogo) de decidir o que se registar.



ACÇÃO DE FORMAÇÃO PARA TREINADORES E DIRIGENTES - 2011/2012

 
 
Transição Ofensiva

·        Fase 1 – CONTRA-ATAQUE (ou ataque primário), em que com 2 ou menos defensores o ataque tem de efectuar um lançamento em dois ou menos passes
 
·        Fase 2 - Quando os cinco defensores ainda estão a ocupar as posições e não estabilizaram então é aqui que entra o SECONDARY BREAK, onde há uma continuação no ataque e este procura erros defensivos.
·        Fase 3 – Ataque de Posição (SET PLAY).
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Mais tarde, na época 14/15, foi realizada mais uma nova acção de formação, dirigida por dois treinadores do clube, também aberta a treinadores exteriores, da qual, certamente, muitos dos treinadores do clube também beneficiaram.

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ALGUMAS INICIATIVAS INÉDITAS DA SECÇÃO
 
Os treinadores do clube foram tendo, ao longo dos anos iniciativas no seio do clube, com características que nos atrevemos a classificar de algum ineditismo, as quais foram perdurando no tempo, enquanto mereceram o interesse dos intervenientes.
 
1 - Tabela de recordes
Visava assinalar os jogadores e as equipas que obtinham resultados mais significativos nas recolhas estatísticas dos jogos, permitindo com isso, fazer comparações internas, no seio de cada equipa, ou mesmo entre equipas, dando aos resultados um valor absoluto.
 

2 - “Relógio” manual para informação do tempo de jogo
Enquanto não havia marcadores eletrónicos, público e jogadores não possuíam informação alguma sobre o tempo de jogo decorrido, e consequentemente ainda em falta para o fim do período, da parte ou mesmo da totalidade do jogo.
A vontade de facultar a todos os presentes tal informação (ainda que limitada ao minuto de jogo) levou a que fosse feita, em tamanho grande, e colocada na mesa de jogo, uma reprodução de um pequeno “livro” que os oficiais de mesa possuíam na mesa e utilizavam regularmente ajudando o preenchimento do boletim de jogo, em que se mostrava o minuto de jogo que estava a decorrer.
Construído em madeira, em placas com cerca de 30 centímetros, foram recriadas as folhas do tal caderno usado pelos oficiais de mesa, havendo a preocupação de não perturbar o trabalho dos mesmos a quem era pedida ajuda no manuseamento desse “aparelho rudimentar”.

3 - Esta semana faz anos
Publicação nos locais públicos do clube e da Secção de Basquetebol, onde eram apresentadas as diferentes actividades da modalidade, de uma lista com os nomes dos jogadores e das jogadoras das diferentes equipas que nessa semana tinham o seu aniversário.

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TREINADORES DO ALGÉS – SELECIONADORES NACIONAIS
A “escola” que o Algés sempre constitui na formação dos que por lá passavam, levou a que muitos dos seus treinadores viessem a ocupar lugares importantes e funções reconhecidas no Basquetebol Nacional
Tal como já referimos, à escola de formação de jogadores, como o Algés é reconhecido, é justo adicionar o conceito de escola de formação de treinadores, pois foram muitos os treinadores iniciados no Algés, que beneficiaram das circunstâncias existentes no clube para criarem as bases de uma carreira que depois veio a ser reconhecida.
Não vamos falar dos muitos treinadores que, anos seguidos, no clube ou noutro local, continuaram a dar à modalidade o seu saber e a sua paixão pelo basquetebol.
Não vamos falar das dezenas de selecionadores distritais de lisboa que foram escolhidos pela ABL entre os treinadores do SAD, e que tão boa conta deram nessa tarefa
Iremos apenas restringir esta lista aos treinadores que, tendo começado a sua carreira no Algés, chegaram depois a selecionadores nacionais, vendo assim reconhecida pela FPB a qualidade do seu trabalho.

 

·        Afonso Gonçalves
·        Alfredo Almeida
·        Carlos Alberto Gonçalves
·        Jorge Adelino
·        José Curado
·        José Leite
·        Mário Bairrada
·        Mário Gomes
·        Máximo Couto
·        Ricardo Vasconcelos
·        Teresa Barata

 
 
 








 

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