OS RECINTOS DE BASQUETEBOL UTILIZADOS
PELAS EQUIPAS DO ALGÉS PARA TREINOS E JOGOS
O
Algés possui hoje um recinto próprio, na sede do clube, onde realiza muitos dos
seus treinos e os jogos que lhe cabe disputar “em casa”.
O
pavilhão Arquitecto Gomes Pereira é o concretizar de um sonho que começou a ganhar
raízes mais fortes no início da década de 70 e que, por fases, veio a ser
utilizado, para alegria de todos.
Mas
nem sempre foi assim.
Ao
longo deste trabalho recolhemos evidências que sempre no espaço geográfico de
Algés, onde se encontram as raízes do clube, foram vários os recintos
utilizados para treinos e jogos de basquetebol, recintos esses que nem sempre
reuniam as melhores condições.
De
acordo com as informações que recolhemos o primeiro campo situava-se perto onde
está o hoje o mercado de Algés, junto à antiga praça de touros.
(Os
Sports, 6 de Dezembro de 1935)
Sabemos
que também existiu um campo na chamada zona da praia de Algés, utilizado
durante algum tempo. Existe uma foto tirada neste campo, de uma equipa de
infantis em 1933 (mesmo sem esta categoria estar oficializada), com Máximo
Couto, Pedro Cravo e José Manuel Correia, entre outros, com a curiosidade de
alguns desses jogadores se apresentarem de boina (!!!).
Em 4
de Outubro de 1945, a Escola de bombeiros, situada na Rua Manuel Arriaga,
autorizou o Algés a usar o terreno da sua parada para campo de jogos, que,
segundo as informações existentes e confirmadas por Agostinho Pessoa Duarte (antigo
jogador e treinador do Algés) se situava em frente ao velho quartel dos bombeiros.
As condições
para a cedência do espaço foram as seguintes:
·
Pagamento mensal de 150 escudos pelo clube,
para conservação do terreno;
·
Fazer a canalização da água para utilização
dos duches;
·
Instalação de electricidade no recinto
Todos
estes recintos eram de terra batida, ao ar livre, com todos os inconvenientes e
desvantagens de uma prática que apela ao rigor e à precisão dos gestos.
No
final da década de 40 coloca-se pela primeira vez a possibilidade de adaptar o
campo de ténis do clube (hoje campo Carlos Teigas) para que as equipas do Algés
possam ter melhores condições de prática. A situação é discutida em Assembleia–Geral
do clube e os sócios aprovam a medida desde que a Direcção não apresente em 60
dias uma alternativa mais credível e duradoura.
Perante
a ausência de alternativa constatada na Assembleia-Geral de 22 de Ourutbro de
1949, são colocadas tabelas no campo de ténis, que começa a ser utilizado para
os treinos de basquetebol. Esta solução prejudica em certa medida a prática do
Ténis.
Contudo,
algumas dificuldades operacionais e administrativas dificultam a continuidade
desta solução. A Direcção-Geral dos Desportos não permite esta troca de
finalidade do espaço. E é nesta fase que surge a possibilidade de cedência de
um espaço na antiga Feira de Algés (denominado Páteo da Alegria), que constitui
o antepassado mais próximo do campo que veio a ser construído na Rua de
Olivença. Apesar da disponibilidade demonstrada pelos gerentes da citada feira
(associados do SAD) a renda mensal a pagar pelo campo era então de 850 escudos.
Campo
da Rua de Olivença – campo Guilherme Santos
O
Campo da Rua de Olivença, vulgarmente conhecido pelo "campo das laranjeiras
bravas", mas que teve denominação oficial de campo Conde de Rio Maior, primeiro,
e depois de campo Guilherme Santos, foi formalmente inaugurado em junho de 1955.

A
sua importância é tão grande na vida do basquetebol do Algés que decidimos
dar-lhe o espaço de um capítulo especial deste trabalho sobre a história da
modalidade no clube.
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Mais
tarde, com o fim da prática do ténis enquanto modalidade do clube e o uso desse
espaço para recreio do externato, o basquetebol do Algés conseguiu um novo
espaço de treino que ainda hoje se mantém e que ganhou posteriormente a
denominação de campo Carlos Teigas. Este recinto junto à piscina, que
corresponde ao antigo campo de ténis do SAD, que, tal como vimos, no final da
década de 40 chegou a ser dado como solução para campo de base do Algés,
permite hoje ao clube possuir um maior número de espaços disponíveis para o
seus jogadores.


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Algumas
curiosidades
1) Tanto
o campo de Olivença (que será tratado em espaço próprio) como o campo da
piscina era local de muitos encontros livres de 3 contra 3 ou mesmo confrontos
com outro número de jogadores, sendo as bolas solicitadas na secção, onde
livremente, os jogadores e as jogadoras (estas mais tarde) se deliciavam
aplicando os seus conhecimentos em “renhidos” muito competitivos.
2) Em
entrevista a alguns antigos jogadores do clube foi referido que em actividades
isoladas e sem a presença de jogadores, os atletas recorriam por vezes
(principalmente ao domingo de tarde) ao ginásio da ginástica que existe na cave
do Algés, ao fundo das escadas quem desce a partir do átrio de entrada e que
levava à antiga piscina de inverno, ginásio esse que tinha uma tabela de
basquete no topo do fundo e onde os jogadores passavam horas a fazer “renhidos”
, jogando entre si com grande entusiasmo.
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Outros locais de treino alugados
O
desenvolvimento do basquetebol no clube o alargamento do número de praticantes
(o Algés chegou a ser o clube português com mais atletas inscritos) e a vontade
de dar melhores condições de treino aos seus atletas fez com que, mantendo os
campos do clube em plena utilização (nas férias chegava a haver 8 treinos por
dia), levou o clube a recorrer a campos cobertos das proximidades , sempre com
o grave problema das deslocações, durante alguns anos feitas com apoio das
carrinhas do clube,
Assim,
ao longo dos anos, as equipas do Algés iam treinar com regularidade à Escola Náutica, Escola Secundária
de Linda a Velha, Liceu D. João de Castro, INEF (Pavilhão Costa, Ginásio do 3º
piso, Pavilhão Esteiros), Colégio Espanhol, Escola Marquês de Pombal, havendo
também utilizações esporádicas do Pavilhão da Ajuda, para treinos
Nos
anos mais recentes, o pavilhão de Miraflores foi um centro muito importante do
treino para as nossas equipas.
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Recintos
de jogos em Lisboa
No
início dos anos 30 os jogos eram todos ao ar livre e nos campos dos clubes.
Depois
(e curiosamente) houve um primeiro avanço nas competições regionais (procura e primeiras
utilizações de campos cobertos), mantendo-se as provas nacionais a ser
realizadas apenas nos campos dos clubes.
De
acordo com os jogadores do Algés daquele tempo que conseguimos ouvir, os jogos
do nacional eram nos campos dos clubes em condições muito piores (tanto no
campo como nos vestiários) e ao ar livre.
Estes
jogos revestiam-se sempre de circunstâncias especiais, tanto nos vestiários (a
água quente após o jogo foi algo que surgiu já bastante tarde, ficando, nestes
casos, sujeita a decisões….muito particulares). O indispensável esquentador nem
sempre servia as duas cabinas (equipa da casa e adversário) sendo em primeiro
lugar usada pela equipa da casa.
Os
adversários visitantes podiam beneficiar deste privilégio (água quente para o
duche após o jogo) só em alguns campos e mesmo isso, em função do resultado
final conseguido…
No
decorrer do jogo, em que a assistência, muito “em cima” do campo de jogo e dos
jogadores, por vezes perturbava o seu normal desenrolar e às vezes interferia
mesmo sobre o mesmo (prender/esconder a bola que saia do recinto; abanar as
tabelas que o adversário visitante atacava, para dificultar a precisão do
lançamento)
O
primeiro recinto coberto usado em Lisboa para as competições regionais (onde se
faziam os jogos das jornadas) foi o Pavilhão do Lisgás, ao que nos referiram
situado na zona próxima do rio Tejo e situado na zona de Santos.
Depois,
como está referenciado nos dados de cada uma das épocas, a “conquista” do
Pavilhão dos Desportos foi um momento de grande salto qualitativo para a
modalidade, mesmo sabendo os elevados custos de aluguer que acarretava e a
dificuldade (para não dizer impossibilidade) de integrar os 4 jogos da jornada
na mesma noite, dando tempo a que os jogadores do último jogo conseguissem ter
ainda transportes para casa, dada a hora muito tardia em que a jornada era
concluída. Nas entrevistas feitas a jogadores do Algés que viveram estes tempos,
foi referido que as jornadas chegavam a acabar já depois das 2 h da manhã do
dia seguinte.
Como
alternativa surgiu o denominado "pavilhão internacional" situado no Parque Mayer,
cuja cobertura era de lona e onde se realizavam também os combates de boxe, onde
se desenrolaram muitos jogos, sobretudo após o desaparecimento do pavilhão do
Lisgás.
Nos anos 60 foi frequentemente utilizado o Ginásio do Instituto Superior Técnico, onde decorriam todos os jogos da jornada, originando verdadeiras maratonas de basquetebol.
Nos anos 60 foi frequentemente utilizado o Ginásio do Instituto Superior Técnico, onde decorriam todos os jogos da jornada, originando verdadeiras maratonas de basquetebol.
Dada
a dificuldade de campo a apresentar pelo Algés, até ao aparecimento do campo
Guilherme Santos, os jogos em casa foram feitos no “rinque” da Liga de Algés,
campo descoberto, o qual apresentava uma forte “limitação” nos dias de chuva
pois sendo de azulejos, a água ou mesmo a humidade tornava o recinto
extremamente escorregadio.
Com
a chegada dos anos 70 ganham destaque dois recintos em Lisboa que assumem mesmo
algum misticismo, para quem jogava nos clubes de Lisboa e portanto, também do
Algés:
1. O
Pavilhão da Ajuda, para os jogos das equipas de seniores, normalmente coma 3ª
feira à noite para o basquete feminino, a 6ª feira à noite para a divisão de
honra e o sábado à noite para o campeonato da primeira divisão regional. Mais
tarde, nas provas nacionais, 1ª divisão e segunda divisão. O Algés apresentava
o Pavilhão da ajuda como o seu recinto.
2. O
Pavilhão do Estádio Universitário, onde aos domingos de manhã, os seus 5 campos
“à largura” (dois dos quais, os de topo, de alcatrão e em cujos cantos era
frequente vermos pessoas a passarem dentro do campo) permitiam a realização da
grande maioria dos jogos das competições regionais de lisboa em iniciados,
juvenis e juniores.
Mais
tarde já com o recinto da Liga de Algés coberto, o SAD utilizou este campo para
os seus jogos em casa, o que acarretava a tarefa acrescida de transporte e
colocação das tabelas nos locais devidos), dado que o campo era originariamente apenas para Hóquei em Patins e Andebol.
Nos
anos 50 e início dos anos 60 existiu ainda uma situação muito especial, em que
o recinto de jogo estava no convés de navios que atracavam no Tejo.
O
facto de haver uma ligação do clube com a embaixada dos EUA, através de um
jogador que se ofereceu para treinar o Algés (pela conversa que estabelecemos pensamos
tratar-se de Hogarty) algumas vezes (Fernando Brites referiu na conversa que
fizemos que realizou 3-4 jogos nestas circuñstâncias, a bordo de navios
atracados no Tejo)) o Algés ia jogar a campos instalados nos porta-avioes que
chegavam ao Tejo e que, por intermédio desse jogador americano, eram convidados
a realizar. O mesmo Fernando Brites refere que os resultados eram sempre muito
desnivelados para o lado dos americanos, muitos superiores em tudo aos
jogadores do Algés
Pavilhão Gomes Pereira - do sonho à
realidade
A
entrada em funcionamento do Pavilhão Arquitecto Gomes Pereira foi, para
quem estava ligado ao Algés, motivo de
verdadeira euforia.
Tratava-se
de um recinto ainda muito limitado, duro, inicialmente tosco, com os campos à
largura infelizmente não oficiais por causa de alguns centímetros. Mas era um
recinto coberto do Algés e que poderíamos gerir para treinos e jogos.
No
relatório da Direção de 1977 encontramos as seguintes palavras da Secção de
basquetebol sobre este assunto:
“A
nossa contribuição para o desporto não tem sido apreciada e acarinhada, como
seria de direito, pelas entidades competentes, cujo auxílio a outros clubes,
que muito respeitamos, é efetiva, continuando o SAD a aguardar justiça face aos
actos já praticados em prol do desporto nacional. O que se pretende? Um recinto
coberto onde se possam ter condições de trabalho, a fim de proporcionar aos
jovens a prática do desporto”.
Só muito mais tarde tal veio a ser possível, como se pode verificar no relatório da direcção de 1984, com referência à época 83/84, em que se assinala o inicio da utilização do Pavilhão Arq. Gomes Pereira:
“O
sonho acalentado ao longo de sucessivas gerências tornou-se uma realidade. O
Basquetebol regressou a casa. Como se pode calcular isto envolveu uma
adaprtação a uma nova forma de estar no clube, a criação de novos hábitos,
novas estratégias de actuação que, com pena nossa, por vezes não foram
inteiramente compreendidas por toda a gente”
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DESLOCAÇÕES
PARA TREINOS E JOGOS
A
realidade anteriormente descrita deixava no ar o problema das deslocações dos
jogadores para treinos e jogos, quando se tratava de utilizar os recintos acima
indicados e que estavam longe de Algés, não permitindo a deslocação dos
jogadores de mote próprio.
Ao
que nos disseram, as deslocações que se realizavam nos anos 50 e 60 (esta mais
próxima e com mais pessoas a relatarem essas vivências) era através de transportes
públicos, sendo o encontro para jogos no local definido.
Nos
anos 70 e 80, as deslocações para jogos longe de Lisboa era muitas vezes
através de autocarros alugados, embora o início dos anos 70 e a existência de
jornadas duplas tenha trazido a novidade da equipa de seniores se deslocar para
o Porto de avião.
Nos jogos em Lisboa, o empregado do Algés transportava os equipamentos e as bolas para o local do jogo, com a preciosa ajuda do Sr. Barros (também empregado do Algés, ligado maioritariamente à actividade do cinema Stadium, que, com a sua motoreta, dava uma ajuda preciosa nestes momentos).
Nos jogos em Lisboa, o empregado do Algés transportava os equipamentos e as bolas para o local do jogo, com a preciosa ajuda do Sr. Barros (também empregado do Algés, ligado maioritariamente à actividade do cinema Stadium, que, com a sua motoreta, dava uma ajuda preciosa nestes momentos).
Mas
depois o próprio clube conseguiu uma ajuda muito grande, a partir dos anos 70,
com a disponibilidade das carrinhas do externato para levar e trazer os
jogadores de basquetebol para treinos e jogos.
Este
enquadramento deu origem a que a sapataria Onda ganhasse uma publicidade extra
e gratuita, pois para todos essa esquina junto ao mercado era o local de
encontro e de partida, tanto para jogos como para treinos, quando existia essa
possibilidade. Hora de partida e local? Às 9 h da manhã na Onda!
O
Algés- externato, chegou a ter 3 autocarros, dois de maior capacidade (30-40
pessoas) e uma outra mais pequena, de apenas 20 lugares. Estas carrinhas, ao
longo dos anos, tinham como motoristas o senhor Ramiro, os dois senhores Manuel (o "gordo" e o
"magro") e o senhor Severino, este de quem se contam imensas histórias sobre as particularidades da
sua condução.
Posteriormente,
e mesmo durante estes anos, houve momentos e circunstâncias, em que pais e
treinadores eram as principais ajudas no transporte dos jogadores e do material (bolas e equipamentos).
Este papel dos pais e treinadores foi ganhando progressiva importância, havendo períodos em que constituíam o meio exclusivo ao dispor das equipas do clube para que as equipas do Algés chegassem aos locais onde disputavam os seus jogos.
Este papel dos pais e treinadores foi ganhando progressiva importância, havendo períodos em que constituíam o meio exclusivo ao dispor das equipas do clube para que as equipas do Algés chegassem aos locais onde disputavam os seus jogos.